Hospitais tentam reduzir o ruído para ajudar na recuperação
No Stanford Hospital foi realizado um verdadeiro trabalho de investigação, muito semelhante a detetives tentando desvendar quem são os vilões.
O que motivou esse trabalho, já que as vítimas (pacientes) não apresentaram queixa?
Os culpados:
Campainhas de telefones, sinal sonoro dos monitores, cadeiras de rodas chacoalhando, falatórios de corredor, o bater de portas e serventes assobiando.
Em um projeto para identificar as fontes de ruído, uma equipe de profissionais de saúde rondava o hospital com medidores de decibéis nas mãos.
A ideia é que suas conclusões e recomendações, futuramente melhorem o atendimento ao paciente.
Ter uma boa noite de sono é parte do tratamento, disse a enfermeira Chuck Pitkofsky, membro da equipe de redução de ruído. Pacientes há muito tempo reclamam que os hospitais não são lugar para dormir.
Mas o volume vem aumentando. Uma recente pesquisa da Universidade Johns Hopkins mostrou que os níveis médios do ruído hospitalar diurno subiram de 57 decibéis em 1960 para 72 decibéis atualmente, o equivalente a um movimentado restaurante.
Níveis noturnos têm aumentado de 42 para 60 decibéis, ou seja, tão barulhento quanto uma máquina de lavar roupas.
A Agência de Proteção Ambiental e a OMS recomendam que o ruído em hospitais não seja superior a 45 decibéis - um ambiente silencioso mais semelhante a uma biblioteca.
Sendo assim, os hospitais de todos os EUA estão buscando a paz. Na Universidade da Califórnia - Davis Medical Center acontece a hora do silêncio, quando os carros ficam proibidos e TVs são desligadas.
Pesquisas mostram que o ruído não se limita a prejudicar o sono, mas aumenta o stress e acentua a agitação. Em experiências com ratos, as feridas curavam mais lentamente se o quarto era barulhento.
Ruído também aumenta o risco de erros médicos, de acordo com um estudo da Johns Hopkins. Patricia Madden conhece bem o problema.
Ela é doula no San José e ajuda as mulheres no parto em Stanford, El Camino Hospital, Kaiser e outros centros médicos.
A maioria das mães com quem trabalho deseja ir para casa o mais rápido possível, simplesmente porque elas não têm descanso a noite, disse Madden.
No ano passado, eu passei a noite com minha filha de 12 anos, que tinha uma apendicectomia. Fiquei feliz que só tivemos que passar uma noite. A cada hora ou algo assim, alguma coisa emitia um sinal sonoro. Regina Brittingham anseia por paz ao se recuperar de uma cirurgia no Stanford Hospital. Onde estou agora é mais tranquilo e me aliviou bastante o stress, disse ela. Mas eu estive em hospitais onde o barulho era tão alto, que tive vontade de chorar e até mesmo fugir. Durante o inquérito os investigadores descobriram que o ruído era mais alto entre seis e oito horas da manhã, justamente quando os médicos estavam fazendo suas rondas e o café da manhã era servido.
Particularmente, doentes queixaram-se do barulho a noite. Então, os detetives do ruído investigaram várias unidades, cada uma com suas próprias características, mas todas conhecidas pelo ruído. O longo corredor de acesso a cirurgia ortopédica, localizado em uma parte antiga do hospital, é o canal condutor da algazarra. Os pacientes cardíacos têm uma cacofonia dos monitores. Na neurologia, existe um sistema de tubo pneumático que ruge como uma locomotiva.
Eles encontraram alguns ruídos inevitáveis e até mesmo imprescindíveis:
- Os regulamentos exigem que algumas ferramentas, como monitores cardíacos, devem ter volume suficiente para chamar a atenção de todo o pessoal nas proximidades.
- O ruído do famoso helicóptero de resgate do Stanford Hospital é para salvar vidas.